SAIU PELA CULATRA? MAIORIA DO CNJ DERRUBA DECISÃO QUE AFASTOU JUÍZA GABRIELA HARDT ; BARROSO CRITICA CORREGEDOR
O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu nesta terça-feira (16) derrubar a decisão que afastou do cargo a juíza federal Gabriela Hardt, ex-magistrada da Operação Lava Jato
Por maioria de votos, o conselho não referendou a liminar proferida segunda-feira (15) pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, diante das suspeitas de irregularidades na decisão da magistrada, assinada em 2019, que autorizou o repasse de cerca de R$ 2 bilhões oriundos de acordos de delação firmado com os investigados para um fundo que seria gerido pela força-tarefa da Lava Jato. Atualmente, Gabriela atua na 23ª Vara Federal em Curitiba.
Durante o julgamento, o corregedor reafirmou voto favorável ao
afastamento de Gabriela Hardt. Segundo Salomão, o processo sobre a destinação
dos recursos desviados da estatal tramitou de forma ilegal e envolveu apenas o
Ministério Público e a 13ª Vara federal em Curitiba, de forma sigilosa e sem
representantes do governo brasileiro.O presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, abriu a divergência e votou contra o afastamento.
Segundo o relator, a juíza teve participação na criação da fundação. Para o corregedor, os recursos desviados da Petrobras deveriam ser apreendidos e devolvidos a estatal e seus acionistas.
"Não tenho a menor dúvida de que houve participação dela
nessa cooperação para a criação dessa fundação privada, com o desvio do
dinheiro público", completou.
O presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, abriu a divergência e votou contra o afastamento. Barroso disse que a legislação prevê que um magistrado só pode ser afastado por decisão colegiada e por quórum de maioria absoluta. A decisão de Salomão foi feita de forma individual.
"Medida ilegítima, arbitrária e desnecessária", declarou Barroso.
Barroso também questionou a afastamento de Gabriela Hardt cinco anos após a homologação do acordo. Para o presidente, Gabriela está sendo punida antes da abertura do processo disciplinar. "Essa moça não tinha nenhuma mácula na carreira pra ser afastada sumariamente", completou.
Apesar de anular o afastamento de Gabriela Hardt, o CNJ manteve o
afastamento dos desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região
Thompson Flores e Loraci Flores.
Eles também foram afastados pela decisão proferida pelo corregedor. Para Salomão, foi descumprida uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu os processos contra o ex-juiz da Lava Jato Eduardo Appio. Eles faziam parte da 8ª turma do TRF, colegiado que deliberou sobre o caso e afastou Appio do cargo.
O juiz federal Danilo Pereira, que também participou do
julgamento, foi afastado pelo corregedor, no entanto, o conselho anulou o
afastamento. Atualmente, ele comanda a 13ª Vara Federal, a vara da Lava Jato.SAIU PELA CULATRA? "Medida ilegítima, arbitrária e desnecessária", declarou...
Durante o julgamento, o advogado Nefi Cordeiro, que também representou os desembargadores, afirmou que não há "fundamentos mínimos" para o afastamento dos magistrados. "Eles são desembargadores federais com larga experiência, com imaculada ficha funcional, exemplo de julgadores", afirmou.
A defesa do juiz Danilo Pereira afirmou
que o magistrado participou uma única vez, na condição de juiz convocado, da
sessão da 8ª Turma e "não tinha consciência" de que estaria
descumprindo uma decisão do STF.
JB, COM AGÊNCIA BRASIL
EDIÇÃO DE ANB ONLINE
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