domingo, 21 de abril de 2024

ATENTADO À LIBERDADE DE IMPRENSA? ASSOCIAÇÕES JORNALÍSTICAS REPUDIAM NOVA OFENSIVA DE ARAS CONTRA REPÓRTER

O Ex-PGR recorreu ao STF numa tentativa de anular uma decisão do STJ e reabrir uma ação penal contra o jornalista André Barrocal

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e outras oito entidades classificaram como “infundada tentativa de silenciamento e criminalização do jornalismo” o mais recente capítulo da ofensiva encabeçada pelo Ex-procurador-geral da Augusto Aras contra o jornalista André Barrocal.

No início de abril, Aras acionou o Supremo Tribunal Federal  para cassar uma decisão do Superior Tribunal de Justiça e reabrir uma ação penal contra o jornalista por uma reportagem publicada em julho de 2020. O Ex-PGR acusa Barrocal de ter cometido calúnia, difamação e injúria.

O caso é relatado no STF pelo ministro Luiz Fux.

O caso é relatado no STF pelo ministro Luiz Fux. No última quarta-feira(17) o magistrado determinou que a PGR, hoje sob o comando do procurador Paulo Gonet Branco, se manifeste sobre o caso.

A reportagem publicada trazia metáforas que ajudavam a explicar a relação entre Aras e o Ex-presidente Jair Bolsonaro à época. O PGR seria, “ao mesmo tempo, cão de guarda de Bolsonaro e perdigueiro dos inimigos do  do ex-capitão”, atuando como “procurador de estimação’’.

No comunicado divulgado nesta sexta-feira(19) as entidades dizem acreditar que a Suprema Corte rejeitará o pedido apresentado por Aras e ressalta que autoridades públicas, independentemente do cargo e alinhamento político, estão “sujeitas à fiscalização e crítica não só da imprensa, como também da sociedade’’.

A reportagem publicada trazia metáforas que ajudavam a explicar a relação entre Aras e o...

“Numa sociedade democrática, prevalece o interesse público sobre o privado, no que se refere a notícias e análises que se limitem à atuação profissional de um agente público”, acrescentam. “Assim, críticas que não são pessoais, mas se restringem ao exercício de um cargo, não devem ser coibidas pelo Judiciário, sob risco de caracterizarem censura’’.

A nota é assinada pelas seguintes entidades: 

Repórteres Sem Fronteiras

Tornavoz

Ajor (Associação de Jornalismo Digital)

Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

Instituto Vladimir Herzog

Instituto Palavra Aberta

Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação)

Ao determinar o arquivamento da queixa-crime, o STJ pontuou que, apesar das críticas, não houve dolo específico contra a honra do procurador. A defesa de Aras recorreu, mas teve os argumentos novamente rejeitados pelo vice-presidente da Corte, Og Fernandes, em outubro passado.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e outras oito entidades classificaram como “infundada tentativa de silenciamento e criminalização do jornalismo” o mais recente capítulo da...

“Se admitirmos que um servidor público de alto escalão não possa ter sua atuação funcional criticada, será o mesmo que manter sobre o jornalismo uma ameaça constante de punição”, anotou o ministro Sebastião Reis Jr, ao se manifestar pelo trancamento da ação penal.

O advogado Pedro Almeida Castro, que representa Barrocal, classificou a ofensiva do Ex-PGR como “irônica”, uma vez que ele utiliza “excessivamente” mecanismos criticados por membros do Ministério Público, como os embargos de declaração, e alega desconhecimento da ação no STJ.

Ao determinar o arquivamento da queixa-crime, o STJ pontuou que, apesar das críticas, não houve dolo específico contra a honra do...

“As autoridades brasileiras, de todos os Poderes, necessitam de sensatez para receber críticas profissionais, e não pessoais, especialmente quando se trata do posto mais alto de um órgão. Até porque, ser detentor de um cargo público não deve ser algo que blinda alguém de críticos, salvo estejamos falando de uma ditadura’’.

 

CC

EDIÇÃO DE ANB ONLINE

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