domingo, 4 de fevereiro de 2024

BRASIL CARA PÁLIDA: UM ANO APÓS O DECRETO DE EMERGÊNCIA, POVO YANOMAMI CONTINUA EM ESTADO CRÍTICO DE SAÚDE E A PERSISTÊNCIA DO GARIMPO EM SEU TERRITÓRIO

Números, depoimentos e imagens ainda evidenciam corpos e rostos doentes, situação sanitária calamitosa e o retorno da invasão garimpeira

Após um ano do início da operação do Governo Federal na Terra Indígena (TI) Yanomami com o objetivo de proteção territorial e da retomada da política de saúde, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta sua preocupação pela continuidade da situação crítica de saúde e a persistência do garimpo no território.

No dia 20 de janeiro de 2023, o Governo Federal publicou o Decreto 11.384/23, que institui o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. No mesmo dia, o Ministério da Saúde declarou, por meio da Portaria GM/MS nº 28, Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN).

Entretanto, após um ano destas medidas, números, depoimentos de lideranças e outras pessoas, e... imagens ainda evidenciam corpos e

As medidas foram adotadas após a visita do presidente Lula ao estado de Roraima, acompanhado de membros de seu novo governo e na presença de lideranças indígenas da região. Eram necessárias diante da situação extrema em que viviam os povos Yanomami e Ye’kuana dentro de seu próprio território devido à intensa presença do garimpo e seus impactos sobre as comunidades e o ambiente. Ao mesmo tempo, era uma das primeiras medidas significativas que o novo governo adotava com relação aos povos indígenas.

Na ocasião, Lula se comprometeu com a retirada do garimpo e reiterou esse compromisso no mês de março durante a Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, realizada no Lago Caracaranã, na TI Raposa Serra do Sol. Entretanto, após um ano destas medidas, números, depoimentos de lideranças e outras pessoas, e imagens ainda evidenciam corpos e rostos de crianças doentes e desnutridas, uma situação sanitária calamitosa e o retorno da invasão garimpeira ao território.

A situação ganhou na época uma grande repercussão, mas vinha sendo denunciada de forma sistemática e...

A situação ganhou na época uma grande repercussão, mas vinha sendo denunciada de forma sistemática e documentada por organizações indígenas e aliados já nos últimos anos. A tragédia ocorrida no território nas décadas de 70 e 80, com o início da exploração e a primeira corrida do ouro, intensificou-se até o início dos anos 90. O maior conflito desse período foi o genocídio de Haximu, quando garimpeiros mataram 16 Yanomami de forma cruel e desumana. Até hoje, janeiro de 2024, parlamentares roraimenses utilizam de sua prerrogativa política para afirmar, de forma irresponsável e vil, que esse massacre não ocorreu.

Entre 2017 e 2022, após 30 anos da homologação da TI Yanomami, a presença do garimpo aumentou significativamente com a anuência, conivência e omissão do governo de Jair Bolsonaro, que atuou propositadamente para deixar que o garimpo tomasse conta do território e instalasse um cenário de terror e morte nas comunidades. Ao mesmo tempo, a política de atenção à saúde Yanomami, que por décadas passou por dificuldades no atendimento e gestão – apesar de experiências bem sucedidas que deveriam ser tomadas como exemplos -, viveu durante o governo Bolsonaro o período de maior desmantelamento e opacidade. O atendimento era inviabilizado pela presença do garimpo e o que antes era ingerência, morosidade, corrupção ou incompetência, tornou-se opção política do governo.

Entre 2017 e 2022, após 30 anos da homologação da TI Yanomami, a presença do garimpo aumentou significativamente com a... 

O Relatório de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil com dados de 2022, publicado pelo Cimi, mostra o rastro de omissões do governo anterior, com o sistemático descumprimento de decisões jurídicas e uma omissão intencional na proteção da TI Yanomami.

 

MATÉRIA ENVIADA PELO CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO- CIMI

EDIÇÃO DE ANB ONLINE

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