PAÍS: MILTON HATOUM, ESCRITOR AMAZONENSE, É ELEITO IMORTAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
O
escritor manauara Milton Hatoum foi eleito para Academia Brasileira de
Letras (ABL) nesta quinta-feira (14). Ele vai ocupar a cadeira de número 6
deixada pelo acadêmico e jornalista Cícero Sandroni, que faleceu em junho deste
ano. Filho de um libanês com uma brasileira, o escritor nasceu em Manaus
(AM) e se formou em arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP). Autor de
obras como Relato de um Certo Oriente (1989) e Dois Irmãos (2000),
Hatoum ensinou literatura na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e foi
professor visitante na Universidade da Califórnia e na Sorbonne, em Paris. O
escritor amazonense já recebeu três prêmios Jabuti, por Relato de um Certo
Oriente (1989), Dois Irmãos (2000) e Cinzas do Norte (2005).
A família de Hatoum migrou para o Brasil na virada do século 19 para o 20, como
explica o escritor. “O primeiro imigrante da minha família veio de Beirute, foi
meu avô paterno, que eu não conheci. Ele foi para o Acre. Beirute, Recife,
Belém, Manaus; ele subiu o rio Amazonas, entrou no [rio] Purus e foi até Rio
Branco. Isso foi em 1904”, relembrou Hatoum em entrevista no ano passado. O escritor é um forte crítico do movimento sionista de Israel. “O ocidente sempre teve a
pretensão de ser, vamos dizer, mais culto. Ou [afirmar] que a barbárie está
longe deles. E a gente sabe que a barbárie está no interior dessa suposta civilização.”
“Eu acho que hoje seria muito difícil a criação de dois Estados. Eu volto ao
Edward Said [crítico literário palestino]: até 1992, ele acreditava nessa
solução de dois Estados. Mas, quando ele visitou Israel e a Palestina, percebeu
que havia centenas de colônias de sionistas, de judeus sionistas, nos
territórios palestinos, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Ele percebeu
que essa solução de dois Estados era totalmente inócua. Ele sugeriu e percebeu
que ali a única saída é um único Estado laico e democrático com direitos civis
iguais para palestinos e judeus, e cristãos também, para todas as religiões
ali.”
BDF
EDIÇÃO DE ANB ONLINE
Postar um comentário