domingo, 8 de julho de 2012

LITERATURA BRASILEIRA: FERNANDO ATALLAIA




Espaçon(ave)



Poesia de Fernando Atallaia para exercício de aves, pessoas e lagartos




Espaçon(ave) mundestre na reentrância do ocaso
Um centavo de tempo para tempos de passado



homem em locomotiva segue despenhadeiro abaixo.



Espaço/sala para aves à espera do jornal diário
Uma senhora de cadeiras sentadas alça um voo no devir

No imaginário



Espaço erário em  velhices/morte para um homem a luz do sol.



Pedra/sofá para vistas sem paisagem
Mocho de existência dependurando pele e pensamento



Haja espaço para voos/rasantes de memória
Assobio de lagartos
Haja espaço
Haja espaço neste lamento



Uma criatura humaniza muros para pular por sobre a existência.







Lagartos ensaiam asas.




Haja mais
haja mais que voz entre lagartos rastejantes
Minhas mãos chorando baladeiras
Minhas asas instigantes


Já cantam as andorinhas a canção das pedras rejeitadas.




Espaçon(ave) nave/casa 







Asa delta/delta de miragem e um curió amanhecendo à luz de velas.

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Música Brasileira Independente em alta


Mercado fonográfico: Novos Canais

Folha SP

Gravadoras Independentes diversificam atividades


Independentes buscam novos negócios para ampliar faturamento
O músico Chico César, dono da Chita Discos, que fez parceria com grandes gravadoras para garantir distribuição

A ideia de crise no mercado fonográfico se repete como disco quebrado. Mas, enquanto lutam para aumentar a venda de CDs, as gravadoras apostam em diferentes canais para superar a estagnação.
Nessa toada, a área digital (telefonia móvel e internet), as associações com anunciantes, os licenciamentos, o agenciamento e a promoção de artistas são alternativas necessárias para alcançar bons resultados.
A transição é feita entre um modelo de negócio único de venda de suportes físicos e um multimodelo, destaca Paulo Rosa, presidente da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).
O que era antes praticamente a única fonte de receita de um produtor fonográfico passa cada vez mais a dividir espaço e importância com outras fontes de receita derivada de música, acrescenta Rosa.

Pequenas

Nesse contexto, o espaço para as pequenas empresas vem crescendo. Na década de 1990, com a chegada das tecnologias digitais de gravação e a redução dos custos de fabricação dos CDs, surgiram centenas de gravadoras de menor porte. Até então, o mercado era constituído basicamente pelas companhias multinacionais, conhecidas como majors.
Segundo a ABMI (Associação Brasileira de Música Independente), que tem 120 gravadoras associadas, há cerca de 200 gravadoras independentes no mercado, ou seja, que não estão listadas entre as majors.
O papel das independentes no cenário é reconhecido pelas multinacionais. Nunca se produziu tanta música quanto hoje. Essa profusão produtiva envolve os independentes em todos os lugares do mundo, afirma Sergio Affonso, presidente da Warner Music Brasil.
Segundo João Moreirão, vice-presidente da ABMI, as independentes são responsáveis por 80% da música gravada no país. Quando se fala de consumo, os números se invertem: 80% dos produtos comercializados são das majors, e só 20% das vendas correspondem às gravadoras menores.

Parceria

Para dar vazão aos seus produtos, um dos caminhos encontrados por pequenas foi a parceira com majors.
O cantor e compositor paraibano Chico César, 45, criou seu próprio selo, que também é estúdio e editora, a Chita Discos. Uma major distribui melhor meu trabalho no mercado, conta César. Assim, ele é beneficiado com o investimento em marketing, na distribuição e na fabricação.


FORMATO ÚNICO NÃO FUNCIONA

Quem não se adapta à realidade do mercado não consegue se manter no ramo fonográfico.
É o caso da gravadora independente Kuarup Discos. Após 31 anos no mercado, a empresa fechou as portas no final de 2008. A crise do CD é irreversível e tornou inviável nosso modelo de negócio, diz o ex-dono da Kuarup, Mario de Aratanha, 64. A empresa havia se verticalizado em direção ao disco e se afastou das outras fontes da cadeia produtiva da música, avalia.
Aratanha aproveitou sua experiência no setor e investiu na CineViola, que produz DVDs musicais.

VENDAS DE CDS E DVDS REGISTRAM AUMENTO ENTRE AS GRANDES

Depois de três anos de retração, o mercado brasileiro de música teve um crescimento de 6,5% entre 2007 e 2008, de acordo com dados divulgados no mês passado pela ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Disco).

O número engloba receitas de vendas de CDs e DVDs, além da comercialização de produtos musicais no mercado digital (telefonia móvel e internet).

Foram contempladas nos dados apenas as dez gravadoras associadas à ABPD, que são cinco companhias multinacionais e cinco gravadoras independentes de grande porte. No total, o segmento musical movimentou R$ 359,9 milhões.

No Brasil, as vendas de produtos físicos (CDs e DVDs musicais) apresentaram um crescimento de 4,9%, enquanto as vendas no mercado digital subiram 79,1% em 2008, na comparação com 2007.
Nós somos uma companhia de música. O que está em transição são os canais de distribuição, mas o conteúdo nunca foi tão valorizado, destaca Marcelo Castello Branco, chairman da EMI Music South America e presidente da EMI Brasil.


COMO OS JOVENS CONHECEM NOVAS MÚSICAS

Estudo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) apontou que 32,6% dos cerca de mil jovens ouvidos em 2008 sempre conhecem música por meio da internet, em sites de download. Amigos (54,1%) e rádio (51,4%), no entanto, foram os mais citados como fontes com que sempre conhecem música nova.

SEGMENTOS DIGITAIS ENGORDAM A RECEITA

Telefonia móvel e sites são canais para distribuição

O segmento da música digital representou 12% do mercado fonográfico em 2008. Dessa fatia, 78% (R$ 33 milhões) vieram da telefonia móvel, e 22% (R$ 9,68 milhões), da internet, de acordo com a ABPD.
Artistas, gravadoras e editoras precisam de um formato de música que funcione no maior número possível de aparelhos, orienta Marinilda Boulay, pesquisadora e organizadora das publicações Guia do Mercado Brasileiro de Música e Música: Cultura em Movimento.
A Trama criou sua fórmula para ampliar o número de fontes de receita. Além de fazer produção de shows, programas de rádio e de televisão, música para videogame, álbuns virtuais e CDs, a gravadora tem estúdio e editora.
Com o patrocínio de anunciantes, é gerado faturamento nos álbuns virtuais, conta João Marcello Bôscoli, 38, fundador da Trama.

CELULAR

Por ser um setor em que os downloads são mais facilmente controlados, a telefonia móvel é hoje responsável pela maior fatia do faturamento no mercado digital da música.
A Takenet, que licencia e disponibiliza conteúdos musicais para celulares e atua com as principais operadoras do país, tem cerca de 200 contratos com gravadoras independentes, de acordo com Juliano Braz, diretor de operações.

O faturamento com os ringtones pode ultrapassar R$ 100 mil por ano para independentes, aponta Braz.
O iMusica, empresa de gerenciamento de música digital, tem um acervo de 3 milhões de faixas, das quais 2 milhões são de gravadoras independentes. Com um CD entregue pela gravadora, distribuímos para cerca de 200 serviços no Brasil e no mundo, afirma o presidente, Felippe Llerena. Em média, 80% do lucro é repassado para as gravadoras. O iMusica fica com 20%.

O MySpace, site que reúne 170 mil artistas brasileiros, deve criar, até o final do ano, um mecanismo de venda de faixas musicais. Serve como popularização do artista e marketing e traz outros benefícios subsequentes, como a remuneração pelo direito autoral, explica Emerson Calegaretti, presidente do MySpace no Brasil.




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domingo, 1 de julho de 2012

A emergente música independente


Publicado em em Karina FrancisMatériasReportagens
Texto: Karina Francis
As últimas décadas foram marcadas por intenso avanço tecnológico, que se reflete em mudanças significativas na sociedade em geral. Na música não foi diferente. A mudança foi drástica devido o desenvolvimento da internet e de todos os elementos comunicacionais que surgiram por meio dela. Se a internet foi uma revolução muito importante no contexto mundial, certamente o que ela fez no cenário independente foi uma revolução dentro da revolução. Isso porque a internet possibilita a conexão com um grande número de pessoas, rompendo assim barreiras geográficas e possibilitando grande intercâmbio cultural, fazendo com que o conceito da palavra “independente” ganhe outras interpretações. Com isso, a música independente ganha espaço para a discussão sobre o “que é ser independente?”. Antes de entrar nesse assunto, é importante conhecer um pouco mais sobre essa história.
O início da música indie
Muitas pessoas acreditam que a cultura do independente nasceu com o movimento punk na década de 1970. Foi nesse período em que ela se disseminou pelo mundo. Entretanto, seus primeiros registros são datados da década de 1950, quando diversas pequenas gravadoras nasciam nos Estados Unidos. Essas gravadoras eram de associações das comunidades afro-americanas, que produziam seus materiais de forma autônoma, já que eram poucos os artistas negros que conseguiam destaque na mídia comercial. Assim, eles se organizaram em pequenos grupos e produziram seus trabalhos com os recursos disponíveis na época.
Foi na década de 1970 que surgiu o movimento punk “Faça você mesmo”. O movimento ganhou notoriedade porque não esperava aval de grandes empresas para lançar suas obras. As pessoas optavam por maneiras mais artesanais, e passavam a assumir o papel de patrocinadores dos seus trabalhos.
A ideia central era ter responsabilidade total sobre a obra, e todos os direitos sobre a mesma. Esse movimento não se restringe à música, se estende por todos os segmentos artísticos. Ele foi revolucionário porque motivou inúmeras pessoas a produzirem, sem que, para isso, estivessem incorporadas a grandes empresas. No caso da música, eram grandes gravadoras. Além disso, o conceito do “Faça você mesmo” possibilitava liberdade de criação, ou seja, não existiam regras, nem padrões a serem seguidos. Cada um produzia de acordo com sua vontade. Neste período houve uma explosão de trabalhos no segmento da música independente e de eventos relacionados ao cenário underground.
A indústria fonográfica
A primeira gravação do qual se tem registro no Brasil é da década de 1910: um samba escrito por Donga e Mauro de Almeida. Era uma gravação totalmente mecânica, reproduzida por fonógrafos. Em 1928, surge a gravação elétrica, predominando os 78 RPM, que continham uma ou duas músicas de cada lado. A melhora da qualidade das gravações só aconteceu em 1950 quando já era possível fazer a mixagem dos discos. Assim, o LP passou a substituir o 78 RPM, agrupando um número maior de músicas. Nos anos 1960 e 1970 as gravadoras passam a criar catálogos de música, ou seja, estabeleciam um padrão de músicos de qualidade. Quem não estivesse nesse catálogo estava excluído da “lista” do que era considerado bom. O catálogo brasileiro incluía músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, entre outros.
Nesse período, as etapas de produção começam a se tornar mais sofisticadas. Desse modo, passaram a custar caro. Portanto, as gravadoras investiam apenas em quem interessava. O lucro passa a ser objetivo maior do que a fomentação da cultura. As majors, como são chamadas as grandes gravadoras, não só determinavam o que as pessoas iriam consumir como música, mas também qual era o estilo do momento, os artistas do momento, o som do momento. Entende-se por majors, as seguintes gravadoras Sony, BMG, Som Livre e EMI.
Nos anos 1980, os LPs passaram a ter custos altíssimos devido a duas crises mundiais de petróleo. Nessa condição, o espaço para viver de música no Brasil era para poucos. Foi nesse período que a música independente no país deu seu primeiro passo com a abertura de pequenas gravadoras. Em 1990, os custos de produção começaram a diminuir por causa dos recursos digitais, que começam a circular. O que parecia ser o declínio da indústria fonográfica era certamente a força das indies, nome pelo qual as gravadoras independentes são conhecidas. O cenário underground começa a ganhar forma física, e, de maneira tímida, consegue explorar o mercado. Atualmente, as gravadoras independentes estão desenvolvendo trabalhos de altíssima qualidade, e possuem estrutura semelhante as das majors.
Mas a grande questão entre as gravadoras comerciais e as independentes é a forma como é enxergado o negócio da música. Um artista independente recebe todos os lucros do seu trabalho, dos shows e dos CDs. Em longo prazo, será possível pagar os custos de produção e ainda obter lucro. Se o projeto contar com alguma lei de incentivo à cultura, praticamente todos os gastos já estão previstos no projeto. Se compararmos essa realidade com a de um contrato padrão de uma major, percebemos uma grande diferença: o rendimento para o artista fica somente em torno de 5% do que é vendido. Assim, torna-se possível que um artista independente, dependendo da sua carreira e do seu público, tenha um retorno financeiro com seus CDs no mínimo igual ao de um contrato com uma major, mesmo que a quantidade produzida seja significativamente menor.
Underground x Mainstream
O ambiente onde circulam as bandas independentes é conhecido como underground, que segundo o dicionário Aurélio, significa “subterrâneo”, expressão usada para designar algo que foge dos padrões comerciais, dos modismos, que está fora da grande mídia.
A expressão “deixou o underground”, ou “saiu do underground”, refere-se a artistas ou movimentos que se tornaram populares e adquiriram notoriedade para conquistar o grande público, passando a fazer parte do mainstream. Este último termo é disseminado principalmente pelos meios de comunicação de massa e muitas vezes é usado de forma pejorativa para artistas que apelam para fórmulas tradicionais para conquistar público e dinheiro com sua arte.
Entende-se que o conjunto de práticas que as bandas independentes estão configurando no mercado alternativo está formando um conceito de cultura fora do eixo, termo utilizado para aqueles que divulgam seu trabalho atráves de mídias alternativas.
Situações novas pedem conceitos novos
Que artistas independentes são aqueles que não estão vinculados a grandes gravadoras e que possuem controle de suas obras é fato. Ainda assim, a música independente brasileira vive uma fase de definição. Isso porque, a internet como ferramenta de divulgação ainda tem muito por oferecer, e não existe ainda controle sobre isso. Em certos casos, a facilidade de produzir, gravar e disponibilizar na internet acabou deixando o mercado musical inchado devido à imensa variedade de bandas e sons, muitas vezes sem critérios de qualidade sonora. Mesmo assim, não se pode misturar esses fatos com o mercado da música alternativa, que a cada dia apresenta crescimento nos padrões de qualidade.
Ser independente não é ser sozinho. Afinal, no mundo virtual em que vivemos, nunca se está sozinho. Por isso, o conceito de “independência” ganha novas interpretações.
A emergente música independente brasileira já se configurou culturalmente e saiu da marginalidade há algum tempo, não configurando a classe de músicos excluídos. Muito pelo contrário, ela está mais resistente a cada dia e com uma oferta de músicos de alto padrão, consolidando cada vez mais seu espaço no mercado atual.

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