MÚSICA INDEPENDENTE NO BRASIL: MOVIMENTOS
Música independente no Brasil: a Vanguarda Paulista
Na virada da década de 70 para os anos 80, o movimento da música independente tornou-se mais forte no Brasil. O Teatro e Gravadora Lira Paulistana, em São Paulo, foi o epicentro desse fenômeno. A movimentação, no entanto, não se resumiu a grupos e artistas desvinculados das grandes gravadoras, mas também ao surgimento de uma nova estética musical, que foi denominada de Vanguarda Paulista.
O Lira Paulistana abrigou, ao mesmo tempo, novas bandas paulistas que ajudaram na renovação do pop-rock brasileiro dos anos 80, como Titãs e Ultraje a Rigor, e as experimentações da Vanguarda Paulista, encabeçadas por Itamar Assumpção, Premeditando o Breque e Rumo. Algumas propostas vanguardistas desses artistas trabalharam nos limites entre a música erudita contemporânea e a canção pop. Como no caso de Arrigo Barnabé, com suas incursões pelo dodecafonismo e pela atonalidade misturados a elementos do rock. Arrigo Barnabé inaugurou essa nova estética com o lançamento do disco independente “Clara Crocodilo”, em 1980.
O álbum "Clara Crocodilo", de Arrigo Barnabé, inaugurou o movimento da Vanguarda Paulista |
Desde então até 1985, houve uma intensa produção de música independente sob o rótulo da Vanguarda Paulista. Apesar de não haver uma uniformidade estética nela, alguns elementos caracterizaram os trabalhos produzidos nesse período da música alternativa em São Paulo. O predomínio da fala nas canções, ou de um cantar falado, é uma marca do grupo Rumo e de alguns trabalhos de Itamar Assumpção. No caso do Língua de Trapo e do Premeditando o Breque, a principal característica é o humor, com letras irônicas e sarcásticas cantadas sobre uma diversidade de sonoridades, do heavy metal ao samba-de-breque. Em toda a produção da chamada Vanguarda Paulista, no entanto, um elemento comum é a crítica, principalmente cultural e política.
Capa do álbum "Pretobrás", de Itamar Assumpção, um dos principais nomes da Vanguarda Paulista |
Assumidamente alternativo e com intenções de conduzir uma renovação na canção popular jovem, a primeira desde o tropicalismo no final dos anos 60, a Vanguarda Paulista não se popularizou além do circuito artístico e universitário de São Paulo. Nascido no underground, ele foi ao longo dos anos 80 se diluindo sem virar um sucesso comercial, naquele momento alcançado pelos grupos que fizeram a renovação do pop-rock brasileiro.
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